O Exército confirma a realização, para breve, de "exames de rotina" aos militares em missão no Kosovo, mas desconhece qual o prazo em que serão feitos. Um porta-voz do Estado-Maior do Exército disse ao DN que os exames serão efectuados no Hospital Militar de Belém, Lisboa, admitindo, caso seja necessário, o recurso a testes adicionais noutros estabelecimentos de saúde. Para já, estão decididos exames ao sangue, urina e às fezes.
Face à polémica, as forças armadas portuguesas tentam relativizar os riscos causados pela exposição às radiações de urânio empobrecido utilizado nos bombardeamentos da NATO contra o Kosovo, em 1999. A tese oficial é que não há perigos para a saúde, apesar das dúvidas existentes, na comunidade científica, quanto a essa matéria.
Este argumento serve também para explicar que os soldados portugueses tenham sido enviados para o Kosovo sem equipamento de protecção nem para radioactividade nem para substâncias químicas. Na semana passada, foram efectuadas leituras de radiações em várias zonas onde estão militares portugueses, e, segundo o comandante das tropas portuguesas no Kosovo, Athaíde Banazol, "os resultados são extraordinariamente baixos".
Agora, com a polémica instalada na Itália, Espanha e Bélgica - com casos de mortes suspeitas de militares que estiveram na ex-Jugoslávia - o Governo decidiu enviar peritos à zona onde estão destacadas unidades portuguesas.
Segundo o Estado-Maior do Exército, Portugal foi "informada atempadamente" da utilização de urânio empobrecido nos bombardeamentos da NATO. Aliás, de acordo com um porta-voz do Estado-Maior, foram recomendados vários procedimentos aos soldados, nomeadamente a proibição de tocarem em objectos suspeitos e de comprarem alimentos.
Estas medidas preventivas foram determinadas pela brigada italiana, de cujo comando depende o destacamento português.
Entretanto, o chefe do Estado-Maior do Exército, general Martins Barrento, resumiu ontem o caso da morte do cabo Hugo Paulino, a uma "inventona.
Martins Barrento acusou o pai do soldado de estar a ser manipulado por interesses sérvios. "Julgo que estamos numa inventona e, por isso, tudo o que for feito para se poder desmascarar isto, julgo que deve ser feito", afirmou o general em declarações à Antena 1.
"Uma inventona assente numa paranóia", é assim que Martins Barrento classifica as dúvidas do pai do cabo Hugo Paulino quanto às causas da morte do filho. "Estou convencido que pessoas ligadas às forças anti-democráticas da Sérvia venderam o acidente, ou deram o acidente, ou pegaram no acidente para que fossem produzidas notícias nesse sentido", acrescentou referindo-se à origem da "inventona".
Quanto às causas da morte do cabo português, o chefe do estado-maior considera tratar-se de falta de conhecimentos sobre um assunto já muito estudado e conclui: "Há mais radioactividade em Portugal, por exemplo nos hospitais, do que existe no Kosovo."